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A história da fundação do Sindicato dos Estivadores de Santos, até o início da ditadura militar

Os estivadores surgiram para atender a demanda de serviços avulsos exigidos com a chegada de navios para embarque e desembarque já que a manipulação de carga não era tarefa da tripulação. Como na época não havia tabela padrão que obrigasse a remuneração adequada, em fevereiro de 1924 operários fundaram a Sociedade Beneficente dos Trabalhadores de Carga e Descarga visando melhorar a situação dos trabalhadores, visando a unificação das condições dos estivadores contratados por mestres-estivadores, agentes de navegação e pela Companhia Docas.


A sociedade teve repressão das empresas e do governo de Artur Bernardes, e exigia dos estivadores a adesão sindical, pois só entravam nos navios mediante apresentação do carne, comprovante de residência, e os diretores fiscalizavam os navios onde seus contribuintes fossem trabalhar.


Em 16 de janeiro de 1926 houve um enorme conflito da sede da sociedade quando os estivadores se reuniram para deliberar sobre uma proposta do Centro de Navegações, 700 associados concordavam com a propostas, mas uma parte desejava a paralisação geral da categoria nos navios, durante o conflito houve disparo de revólver e Marcolino Lima foi esfaqueado.

Sociedade foi fechada pelo delegado da polícia sob o argumento que na estiva haviam homens “brutos e geralmente afeitos ao mal “. Durante 5 anos os estivadores ficaram em completo marasmo sem conseguir retornar.


A crise de 29 resultou em aceleração do ritmo de trabalho, desemprego, esvaziamento do controle da contratação da trabalhadores pelos sindicatos e concentrados esforços patronais para a centralizar a indústria portuária em órgãos destinados a criar um corpo permanente de trabalhadores, portanto os estivadores deram início ao um forte e coeso movimento em direção a conquista e solidificação.


Então foi fundado o Centro dos Estivadores de Santos, o sindicato de início se instalou na sede do grupo carnavalesco Foliões Santistas, contudo a união dos estivadores era visto com maus olhos pelos políticos, que proibiram que a classe se reunisse. Então os estivadores se negaram a subir a bordo dos navios para executar o trabalho, a iniciativa teve apoio das Docas de Santos e de Miguel Costa, Secretário de Segurança Pública na época, que tomou a decisão de assinar a carta de registro do Sindicato dos Estivadores em 1° de Dezembro de 1930. Miguel Costa se tornou patrono da estiva, recebendo a carteira de sócio benemérito número 1 com mais 150 estivadores considerados fundadores da entidade de Classe.


Em seu primeiro ano o Sindicato teve como principal intérprete Raphael Correa, nos anos seguintes José Joaquim Santana foi presidente de 1931 a 1932. Desde a origem do Centro dos Estivadores observa-se a presença de 2 grupos opostos: os socialistas e os constitucionalistas (parte conservadora do movimento). Com a eclosão do movimento constitucionalista, a diretoria foi afastada da direção, em 1932 o Centro é fechado e seu presidente preso. Quando reaberto, poucos meses depois os constitucionalistas assumem o poder e os vestígios da oposição são apagados.


Em 1935 houve a tentativa de aniquilar completamente à esquerda do Centro e foi necessária a intervenção federal por um ano, as crises administrativas se sucedem até 1942 não colaboraram para o Centro ter uma imagem positiva perante o público, e com os problemas financeiros da instituição, especialmente abalada pela redução do movimento no porto devido a 2° Guerra Mundial, oficiais da justiça se propõe a penhorar a sede, porém abandonaram a ideia.

Os estivadores foram até o Departamento Nacional do Trabalho solicitando interferência. Segadas Viana, diretor do departamento, prontificou-se a ajudar, contudo, a sua intervenção resultou no enquadramento da maioria dos estivadores na lei de segurança nacional como “agiotadores”. O presidente na época foi acusado de corrupção e se inicia uma intervenção federal que só se encerrou com as eleições de 1943, onde foi eleito Higio Pellachin.


Ele e sua chapa era contra a presença de Oswaldo Pacheco, líder comunista e Antônio Miguel Martins, que retornara ao poder em 1955. Pellachin teve o apoio das autoridades e tinha como principal tarefa por a casa em ordem, em 1945 saiu o aumento de 35% aos estivadores e logo depois o Sindicato é assumido por Manoel Cabeças.


O início da gestão de Cabeças é marcado por conflitos que indicavam a presença de uma oposição. Os movimentos grevistas se manifestaram por meses em 1946, a todo momento os estivadores rebelaram-se contra o regime, e quando se tornou pública sua contribuição para o nazismo, os portuários boicotaram 2 navios durante 11 dias, o primeiro seguiu viagem levando a carga que trouxera, e o segundo foi operado por integrantes do Corpo de Bombeiros, então em maio de 1946 o Sindicato é fechado por ordem ministerial.


Com o passar dos meses o Centro é reaberto com Cabeças á frente novamente, durante quase uma década os estivadores lutaram contra o regime já que Cabeças tomava decisões, sozinho e distribuía auxílios a autoridades com a intenção de se manter no poder. Em 1952 ele finalmente é removido da diretoria.


Antônio Miguel Martins ganhou as eleições de 1954, mas Cabeças se negava a abandonar o poder e alegou fraude eleitoral, a investigação constatou improcedência da denúncia.

Em 1959 diretoria eleita tinha como presidente Laert Carneiro e Domingos Garcia como secretario, a campanha eleitoral foi marcada por uma possível construção de uma escola para filhos de estivadores e um hospital.


Uma das primeiras medidas foi a reintegração do quadro social, os estivadores afastados por motivos políticos tiveram a concessão do antigo número sindical, assim foi possível que Oswaldo Pacheco retornasse e fosse eleito presidente da FNE (Federação Nacional dos Estivadores), sendo o primeiro estivador fora do Rio de Janeiro a ser presidente da federação. Laerte deixa o cargo alegando cansaço e a falta de proposta de continuidade da diretoria, e com o regime militar implantado no país em 1964, Manoel Cabeças retorna ao poder com o apoio dos militares.

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