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Amazon, Ikea e Unilever prometem neutralidade em transporte marítimo até 2040

Um grupo de empresas internacionais, formado por Amazon, Ikea e Unilever, entre outras, comprometeu-se a transportar suas cargas apenas em navios neutros em carbono a partir de 2040, no maior passo até agora para reduzir as emissões na navegação marítima mundial.

A promessa de nove multinacionais deverá dar às firmas de transporte marítimo e a outros envolvidos mais confiança para que invistam nos navios, infraestrutura e combustíveis necessários para eliminar as emissões de gases causadores do efeito estufa do setor.

Reduzir as emissões de carbono no transporte marítimo exigirá investir bilhões de dólares na remodelação de frotas e na produção de novos combustíveis, como amônia verde, metanol e hidrogênio, em grande escala.

A Amazon informou que a meta se aplicará a qualquer carga que transporte. Isso inclui a de terceiros, muitos deles com sede na China, que recorrem à empresa americana para cuidar de sua logística e representam a maior parte dos vendedores da Amazon.

O grupo de empresas, que também inclui a Inditex, dona da Zara, a Michelin, a Patagonia, a Brooks Running, a Frog Bikes e Tchibo, informou que os combustíveis a ser usados para atingir a meta de 2040 precisam ter uma produção que possa ser elevada a patamares suficientes e ter emissões zero de gases causadores do efeito estufa em todo o ciclo de vida, incluindo a produção, não apenas durante o uso.

Atualmente, não há combustíveis de carbono zero disponíveis nas quantidades necessárias para que todo o setor de navegação alcance a neutralidade. Também precisam ser resolvidas questões sobre o uso da terra e da segurança – um problema para os bicombustíveis.

As empresas alcançaram o compromisso apesar das turbulências nas cadeias globais de abastecimento, que chegaram a decuplicar o custo do transporte marítimo de contêineres em algumas rotas em relação a antes da pandemia.

Um ponto importante é que as empresas explicitamente descartaram o uso de navios movidos a gás natural liquefeito (GNL), o que pressiona grupos como o CMA CGM, da França, a passar a alimentar essas embarcações com metano verde ou enfrentar o risco de uma depreciação prematura dos navios ou até de uma baixa contábil total. O metano verde pode alimentar navios a GNL, ao contrário do metanol, amônia e hidrogênio.

A iniciativa corrobora a decisão da Maersk, maior grupo de transporte marítimo de contêineres do mundo, de ser a primeira empresa a investir em navios capazes de operar com metanol verde e a evitar investir em navios movidos a GNL.

As ambições das nove empresas vão muito além dos planos atuais da Organização Marítima Internacional (OMI), o regulador de transporte marítimo da Organização das Nações Unidas (ONU), que em 2018 estabeleceu como meta reduzir em pelo menos 50% as emissões do setor até 2050, em relação aos níveis de 2008.

A meta foi criticada por grupos ambientalistas por ter sido inferior às promessas do Acordo de Paris, o tratado internacional sobre as mudanças climáticas adotado em 2015.

Morten Bo Christiansen, chefe da área de redução das emissões de carbono da Maersk, disse que o volume de mercadorias enviadas pelas nove empresas envolvidas na iniciativa é expressivo e, ainda mais importante, que a meta fortalecerá os esforços para incentivar os produtores de combustível a investir.

“Esta é a melhor notícia que tivemos em nosso setor em muito tempo”, disse ele. “Isso encoraja a que se saltem fases e se usem combustíveis neutros em carbono apropriados.”

Johannah Christensen, executivo-chefe da organização sem fins lucrativos Fórum Marítimo Global, que reúne empresas de toda a cadeia de abastecimento capazes de trazer a neutralidade de carbono para o transporte marítimo, disse que a iniciativa “tem o potencial de mudar o jogo em relação aos produtores de combustível verde”.

Ingrid Irigoyen, diretora da Iniciativa de Descarbonização do Aspen Institute, que auxiliou na obtenção do acordo, disse que a declaração do grupo de empresas também pretende criar a confiança de que existem clientes das firmas de frete que querem em breve um transporte marítimo com carbono zero.

“Você precisa de capacidade de abastecimento, um suprimento constante de combustíveis de carbono zero e navios compatíveis com o carbono zero. Esses projetos precisam de financiamento. O que dá sustentação a tudo isso é a demanda do cliente”, disse ela.

Muitíssimas empresas anunciaram compromissos de neutralidade de carbono, mas Irigoyen ressaltou que “até agora mesmo as empresas mais ambiciosas não haviam dito nada especificamente sobre [a área] marítima em seus planos de sustentabilidade”.

As nove empresas também pediram o apoio dos órgãos reguladores para que alinhem as metas deles às do Acordo de Paris e a medidas baseadas no mercado, como um imposto sobre o carbono para tornar os combustíveis de carbono zero competitivos em relação aos fósseis, que custam cerca de três vezes mais.





Fonte: Valor Econômico

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