Os acessos às duas Margens do Porto de Santos – a Direita, na Alemoa, em Santos, e a Esquerda, em Guarujá – apresentam problemas para os caminhoneiros que vão além dos seguidos congestionamentos. Enquanto isso, o Poder Público tenta resolver as diversas dificuldades que se arrastam há décadas.
Na Margem Direita, a Avenida Engenheiro Augusto Barata, conhecida como Retão da Alemoa, tem buracos de todos os tamanhos e desnivelamento de paralelepípedos, formando um quadro assustador para quem é obrigado a se aventurar por ali.
“O primeiro contato não foi muito bom”, afirma Lucas Michel, de 30 anos e caminhoneiro há nove. Mineiro de Araxá, ele está em Santos pela primeira vez. “Venho uma vez por mês aqui nos últimos cinco anos e parece que está tudo sempre igual”, comenta Anderson de Souza, mineiro de Uberaba de 43 anos e na profissão há 23.
Em nota, a Autoridade Portuária de Santos (APS) lembra que entregou em 5 de setembro a reforma da entrada e saída do Retão da Alemoa.
A obra consistiu na ampliação das faixas de rolamento de quatro para seis, aumento de raio da pista de saída em torno da praça rotatória (o que aumenta a manobrabilidade dos veículos maiores), troca do pavimento (de paralelepípedos para asfalto), novo sistema de iluminação e construção de um canal de drenagem – em substituição à vala que existia antes –, para aumento da saída das águas pluviais, diminuindo a possibilidade de alagamento da via em caso de chuvas intensas e maré alta.
Porém, ao término desta fase, o contrato com a construtora foi suspenso. O motivo é que a previsão orçamentária aguarda aprovação do Congresso. Como a intervenção depende da Lei Orçamentária Anual, não há cronograma definido para as demais fases da reforma da via perimetral, segundo a APS.
“Com a obra, melhorou. Havia um fluxo muito grande de caminhões e a saída estava impactando direta e indiretamente quem acessa o Porto. Mas os problemas continuam: não temos tanto trânsito, porém existem buracos naquele na descida do viaduto e os paralelepípedos precisam estar sempre em manutenção. A atenção tem que ser redobrada, principalmente quando chove”, alerta o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), Luciano Carvalho.
Problemas e soluções
Na Margem Esquerda, Carvalho relata que a infraestrutura é precária, assim como as marginais que levam aos terminais de contêineres e de grãos. “Há buracos, assaltos e filas. Nada diferente do que ocorre na Margem Direita”.
O dirigente lembra que as vias que levam à Margem Esquerda até são boas, mas critica o estado de conservação das marginais, utilizadas no momento em que os veículos deixam a rodovia. E não é só. “Não há segurança. Os caminhoneiros são assaltados diariamente na marginal da Rodovia Cônego Domenico Rangoni porque estão parados esperando para entrar nos terminais. A Polícia Militar e a Rodoviária tinham que fazer ronda por lá. Fora os buracos que são crateras”.
Procurada pela Reportagem, a Autoridade Portuária de Santos (APS) respondeu, em nota, que a Margem Esquerda do complexo portuário santista tem dois acessos: um para os terminais da Ilha Barnabé e outro, à Rua Idalino Piñez, a popular Rua do Adubo. A primeira tem manutenção por parte da APS, que possui contrato com empresa terceirizada para realização dos serviços de recuperação de pavimento. A Rua do Adubo, por sua vez, é de responsabilidade da Prefeitura de Guarujá.
A Prefeitura explica que as vias que levam à Margem Esquerda do Porto estão, em termos de pavimentação, em condições bem razoáveis. A carga pesada é que afeta sensivelmente a condição do piso dessas vias, exigindo manutenção mais frequente. Já na Avenida Perimetral, há problemas causados em função da drenagem, considerados superficiais.
O edital para contratação das obras da segunda fase da Avenida Perimetral na Margem Esquerda está previsto para ser lançado daqui a um ano, em outubro de 2024, segundo o cronograma do Ministério de Portos e Aeroportos. Por sua vez, a Prefeitura é mais otimista e estima que isso possa acontecer ainda no primeiro semestre do ano que vem.
A implantação dessa etapa, incluída no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), prevê uma parceria público-privada (PPP), que deve ser assinada em abril de 2025. O custo estimado é de R$ 560 milhões. A Perimetral não terá pedágios e, por essa razão, o valor da obra será adicionado à manutenção do complexo viário, e isso estará na composição da engenharia financeira que dará sustentação à execução dos trabalhos, de acordo com a Prefeitura.
Em 21 de setembro, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, esteve na Baixada Santista. Em Guarujá, o titular da pasta e o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, foram recebidos no Paço Municipal Moacir dos Santos Filho pelo prefeito Válter Suman (PSDB). Todos assinaram o termo de compromisso para o cronograma de obras.
Detalhes
A necessidade de uma Perimetral completa na Margem Esquerda, assim como existe na Margem Direita, em Santos, é antiga e flagrante. Atualmente, conta-se com um trecho de 700 metros e um viaduto, entregue há uma década, em maio de 2013, feito para acessar o que seria a completa Perimetral.
O traçado compreenderia um trecho total de três quilômetros, com um elevado e dois viadutos, completando assim o atendimento ao trecho abrangido na Poligonal da Margem Esquerda do Porto de Santos. A pista, paralela à Avenida Santos Dumont, segregaria o tráfego de caminhões que acessam o complexo portuário (são mais de 3 mil do lado de Guarujá, em oito terminais), aliviando o trânsito em Vicente de Carvalho e a vida dos mais de 150 mil moradores.
Com isso, o acesso e a saída dos veículos que servem ao Porto não serão mais feitos a partir da Rua Idalino Pinez, a popular Rua do Adubo. Por consequência, não haverá mais transposição em nível da Santos Dumont.
Fonte: A Tribuna
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