O aumento no valor do frete marítimo e a falta de navios tornam o cenário atual quase impraticável e faz com que outras alternativas além dos contêineres sejam buscadas pelo setor. “Durante todos esses meus anos de presidência da Câmara, nunca tivemos uma situação tão delicada, tão ruim, como a que nós estamos vivendo” afirma Silvio Campos, que preside a Câmara Brasileira de Contêineres há 25 anos. O diretor do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros, Valdir dos Santos, diz que o transporte por via aérea, mais caro, tem sido uma das opções. “O valor que ele pagaria no embarque por via marítima da China para o Brasil, que seria de 15 mil dólares, chega a custar por via aérea 100 mil dólares, porque é a questão do espaço que ele tem que comprar dentro do avião”, explicou. Outra possibilidade paliativa é de que as cargas sejam levadas em caixas grandes de madeira. O grande problema, porém, é que os riscos de manuseio do material nesta situação são maiores.
Para o diretor institucional de Transportes da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rodrigo Villaça, a pior crise logística da história ainda deve persistir em meados de 2022 apesar do aumento esperado de 30% no número de contêineres no próximo ano. “Eu entendo que apenas no segundo quadrimestre de 2022 nós começaremos a ter uma redução desse custo do contêiner, onde a navegação mundial começará a encontrar o seu equilíbrio nas suas diversas rotas, mesmo considerando os grandes navios que possuímos hoje, que estão no mercado mundial, e que essas rotas do hemisfério sul possam ser reativadas de uma maneira mais continuada”, afirmou. O preço dos contêineres disparou: antes da pandemia, empresas alugavam cada unidade por aproximadamente R$ 8 mil. Agora são necessários mais de R$ 50 mil. O quadro mundial impacta diretamente diversos setores da economia, especialmente o agronegócio brasileiro, que vê a disparada das tarifas e a retenção de produtos em todos os portos do país.
Um frete da China para o Brasil, que custava aproximadamente US$ 2 mil (equivalente a R$ 10 mil) hoje custa em torno de US$ 15 mil (mais de R$ 75 mil). Da Europa ou dos EUA, dos mesmos US$ 2 mil, o valor já ultrapassa os US$ 10 mil. O valor afeta a cadeia logística e acarreta um efeito cascata, que paralisa as mais variadas linhas de produção. A corda acaba estourando para o lado do consumidor final, que, na ponta, sofre com o aumento dos preços. A crise não se restringe ao Brasil e é semelhante em países como Estados Unidos, China, Inglaterra, Emirados Árabes e outros. Em alguns lugares, há filas com mais de 50 navios esperando para aportar.
Fonte: Jovem Pan
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