A Ferrovia Interna do Porto de Santos (FIPS) completou, em outubro deste ano, o seu primeiro ano de operação em nova gestão. Formada pelas empresas Rumo, MRS e VLI, a parceria visa operar, manter e expandir a infraestrutura ferroviária que atende o complexo portuário santista, num contrato com vigência de 35 anos, renováveis por igual período. O investimento, nos primeiros cinco anos, deve ser de, no mínimo, R$ 1 bilhão.
No ano passado, quando o contrato começou, Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), explicou que a capacidade ferroviária do Porto de Santos está próxima da saturação, com 94% de utilização, operando 50 milhões de toneladas por ano, mas com projeção de – entre 5 e 10 anos – movimentar 115 milhões de toneladas/ano. Neste cenário, as obras de ampliação do modal são inevitáveis e urgentes.
Por isto, neste primeiro ano, as empresas destacaram a evolução dos trabalhos que estão em andamento para justamente aumentar a capacidade de transporte da FIPS e melhorar a segurança operacional, e ressaltaram que – “com rigor e precisão” – seguem o cronograma previsto no caderno de investimentos.
Um dos projetos de maior relevância é a obra da Pera de Outeirinhos, uma intervenção aguardada há décadas. A fase 1, concluída em janeiro deste ano, contemplou o reforço de um dos pontilhões ferroviários. Agora, a obra encontra-se na fase 2, que abrange a criação de saídas de vagões vazios e tem previsão de ser concluída ainda neste mês de novembro. Em seguida, também em 2024, começará a fase 3, que engloba a entrada para carregamentos. A previsão para a conclusão total da pera é em 2026.
“A Pera de Outeirinhos é essencial para garantir que os terminais cumpram suas obrigações de Movimentação Mínima Contratual. Além disso, terminais já instalados na região, como Copersucar e CLI, movimentam conjuntamente cerca de 23 milhões de toneladas anuais. Com a chegada do novo terminal da COFCO, que deverá movimentar 15 milhões de toneladas por ano, a conclusão da Pera se torna ainda mais vital. Este projeto não apenas suprirá as demandas do Porto de Santos e seus terminais, mas também trará benefícios para toda a cadeia logística do agronegócio brasileiro”, citam as empresas em comunicado conjunto.
A remodelação do pátio de Conceiçãozinha, no Guarujá, inicialmente prevista para ser entregue em 5 anos, foi adiantada, e a obra foi finalizada em agosto de 2024, melhorando a eficiência do atendimento ferroviário na margem esquerda do porto.
A entrega do pátio ferroviário STS14, voltado para o atendimento ao cluster de celulose, também será antecipada, garantem as empresas: a conclusão era esperada para julho de 2025, mas será em dezembro deste ano.
“Ao longo de um ano, a FIPS tem demonstrado como a união entre as principais concessionárias ferroviárias pode transformar o acesso ao Porto de Santos, fundamental para o escoamento das exportações brasileiras. A integração operacional entre Rumo, MRS e VLI Logística trouxe ganhos significativos, registramos recordes históricos no tempo de descarga e no giro de vagões nos terminais portuários com consequente aumento na movimentação de carga”, destacou João Almeida, presidente da FIPS.
Corredores de exportação
Integrante da associação e responsável por administrar cerca de 14 mil quilômetros de ferrovias no país, a Rumo avalia que os investimentos no Porto de Santos convergem com os projetos de aumento de capacidade e expansão ferroviária da concessionária nos corredores de exportação que atendem as principais regiões produtoras do país.
“Há um avanço significativo na cadeia logística e temos grandes projetos em execução como a ferrovia de Mato Grosso para suportar a demanda crescente do agronegócio e da indústria. Em todos esses projetos, o Porto de Santos entra como destino ou ponto de partida de cargas e insumos para nossos clientes”, explicou o vice-presidente da Rumo, Guilherme Penin.
“Grande parte do transporte de carga geral da MRS passa pelas operações portuárias de Santos. Neste contexto, um planejamento integrado e uma logística otimizada com a ferrovia FIPS e terminais portuários é fator decisivo de competitividade”, citou Thiago de Oliveira Lima, Gerente Geral de Gestão Econômica da MRS.
Já Nicolas Szwako, diretor de Operações do Corredor Sudeste da VLI, citou como o processo de renovação antecipada da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) deve demandar a FIPS. “Uma vez concluído o processo de renovação antecipada da concessão da FCA, a relevância estratégica do Porto de Santos tende a se tornar ainda maior para a companhia, dado o aumento previsto de volume de carga escoado pelo Corredor Sudeste da FCA, que atende uma série de clientes em fluxos de importação e exportação na região”.
Por fim, a nova gestão avaliou que o retorno da comunidade portuária ao longo desse primeiro ano têm sido “amplamente positivo”, destacando a importância da FIPS para o futuro do Porto de Santos.
Fonte: BeNews
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