O contrato temporário da Ecoporto Santos, cujo prazo venceria em dezembro, será prorrogado por 24 meses no Porto de Santos, disse nesta quinta-feira (5) o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, A empresa possui um terminal multipropósito no STS10, cais do Saboó, na Margem Direita, uma área visada para a ocupação de um grande terminal de contêineres.
A extensão do arrendamento foi garantida pelo ministro de Portos e Aeroportos às lideranças sindicais dos trabalhadores portuários avulsos, em reunião na sede da Autoridade Portuária de Santos (APS). A categoria teme perda de empregos com a saída da Ecoporto e o leilão do STS10. Costa Filho veio a Santos acompanhado do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Segundo o presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão (Sindestiva Santos), Bruno José dos Santos, apenas Silvio Costa Filho recebeu os sindicalistas na reunião que já estava combinada há dois dias e que contaria com a presença de Rui Costa. “O ministro Silvio Costa Filho nos recebeu, mas o ministro Rui Costa não participou da reunião. Ele vir a Santos e não falar com as lideranças dos trabalhadores do Porto de Santos foi bem deselegante”, lamentou.
Contudo, Santos afirmou que o encontro com Costa Filho foi positivo. “Ele disse que o contrato da Ecoporto Santos será prorrogado por 24 meses, mas que o terminal terá que sair do Saboó. Estão estudando uma nova modelagem para transferir o terminal da Ecoporto a outro local e, também, um terminal de cais público. Ele prometeu que os trabalhadores vão participar dessas negociações”.
Procurado, o Ecoporto Santos afirmou que não tinha informação a respeito, mas “fica à disposição do Ministério de Portos e Aeroportos e da Autoridade Portuária de Santos para quaisquer assuntos relacionados ao terminal”.
STS10
Em relação ao STS10, Costa Filho teria reiterado o compromisso em realizar estudos para elaborar a modelagem de licitação. “Ele acha necessário fazer o leilão, mas a gente quer uma contrapartida, uma garantia de cais público para os nossos trabalhadores”, disse Bruno Santos.
De acordo com o líder sindical, aproximadamente sete mil trabalhadores portuários avulsos prestam serviços aos terminais do Porto de Santos. “Nós dependemos do cais público. O Governo Federal achar uma área para o cais público é uma necessidade”.
Bruno Santos lembrou que o Governo havia oferecido uma área na Alemoa para a construção de um píer. “Mas, ali, onde querem instalar o STS10 (Saboó) já existe um cais público”.
Greve
As lideranças não descartam uma greve caso o ministro não cumpra a palavra. “Temos um grande respeito por ele (Silvio Costa Filho), mas se for necessário, vamos mobilizar os trabalhadores e até paralisar o Porto”, enfatizou Bruno Santos.
O presidente em exercício do Sintraport, Robson Gama dos Santos, disse que a licitação do STS10 é preocupante. “A primeira vítima é o trabalhador portuário e a segunda é o terminal da Ecoporto, que tem 500 trabalhadores registrados e emprega 2 mil portuários avulsos mensalmente”.
O presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), Luciano Carvalho, está confiante. “Espero que o ministro entenda que há várias categorias que dependem do Porto para sobreviver”. Ele afirmou que o leilão de uma área para a instalação de um novo terminal de contêineres é “inevitável”.
Ministros fazem encontro sigiloso na Autoridade Portuária
Os ministros da Casa Civil, Rui Costa, principal emissário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, estiveram no maior Porto do Hemisfério Sul para discutir sobre a principal área portuária em debate hoje no setor (STS10) e não falaram uma palavra sequer com a imprensa. O encontro foi marcado pelo sigilo.
O STS10 é uma área polêmica e o Governo Federal enfrenta pressões de gigantes do setor de contêineres para decidir sobre a formatação do terminal para um futuro leilão. Em várias ocasiões, o ministro de Portos e Aeroportos adiou decisões sobre o espaço, desconversou e deu informações contraditórias em relação ao discurso do presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini.
Nesta quinta (5), a série de reuniões na sede administrativa do Porto ocorreu com várias restrições impostas por Rui Costa, conforme apurou A Tribuna. Os ministros permaneceram no edifício por mais de sete horas, entre 8 horas e 15h30.
Oficialmente, o motivo da visita era informar Rui Costa sobre as futuras obras de infraestrutura e mobilidade projetadas para o principal ativo portuário do País, mas a expectativa dos sindicalistas era de que o Governo Federal garantisse a manutenção do cais público, do contrato da Ecoporto Santos e a não realização do leilão do STS10.
Um esquema especial que contou com o apoio da Guarda Portuária para que os ministros acessassem o edifício-sede do Porto de Santos sem que pudessem ter qualquer contato com jornalistas na chegada e na saída.
O secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Alex Sandro de Ávila, também participou do encontro em Santos, além de representantes da Casa Civil.
Em nota, a APS informou que as autoridades discutiram sobre “projetos de expansão, obras de infraestrutura, aprofundamento do canal, perimetrais, túnel Santos-Guarujá, entre outros”. A maior parte dessas obras, principalmente o túnel imerso Santos-Guarujá, está contemplada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que é vinculado ao Ministério da Casa Civil.
A visita do principal nome do alto escalão do Governo Lula ocorreu seis dias após a mobilização dos sindicatos dos trabalhadores portuários avulsos realizada em frente à sede da APS na sexta-feira passada. “Tudo que fizermos será conversado com representantes dos trabalhadores e dos empresários", afirmou o presidente da APS em nota.
Fonte: A Tribuna
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