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Nova ferrovia deve ampliar exportação agrícola pelo Porto de Santos

O Porto de Santos será diretamente beneficiado com a ferrovia que está sendo construída pela Rumo do sul de Mato Grosso à Cuiabá e ao Médio-Norte. Serão 743 quilômetros que integrarão o Estado à rede ferroviária Federal, ao mercado industrial e consumidor de São Paulo e ao maior complexo portuário do hemisfério sul.

 

Em fevereiro, a empresa concluiu a construção de aproximadamente três quilômetros da Ferrovia Estadual Senador Vicente Emílio, em Rondonópolis, no Mato Grosso. São os primeiros trechos da linha tronco e de uma linha auxiliar de descarga de insumos. A construção vai viabilizar o início do recebimento de materiais, via modal ferroviário, para a execução desta nova ferrovia.

 

A quantia orçada em 2021 para os 740 quilômetros variava de R$ 9 bilhões a R$ 11 bilhões. O contrato prevê o término das obras para 2030, embora haja expectativa de conclusão para dois anos antes, em 2028. A importância total, porém, está defasada e o investimento vai ser superior, levando em conta o que está previsto para este ano.

 

“Para 2024, a empresa seguirá em frente com a expansão da ferrovia em Mato Grosso. Neste ano, a previsão é de obras ao longo de 150 km e um pico de cinco mil empregos nas futuras obras. Nesta primeira fase, estão previstos mais de 200 quilômetros, chegando até a região da BR-070. A construção da infraestrutura ferroviária desse trecho representará um investimento entre R$ 4,0 bilhões e R$ 4,5 bilhões”, explica o vice-presidente de Regulação da Rumo, Guilherme Penin.

 

Penin acrescenta que este será o primeiro passo para que a ferrovia chegue também até Cuiabá e, depois, siga para Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. “Os aproximadamente 740 km irão conectar o coração da produção agrícola no estado ao principal porto da América Latina, o Porto de Santos”, completa.

 

A Malha Norte da Rumo tem conexão direta com o Complexo Portuário de Santos, no entanto, enquanto ela alcançava apenas a proporção sul do estado, o Porto de Santos sofria uma maior concorrência dos Portos do Arco Norte (Barcarena, no Pará, Itaqui, no Maranhão, Itacoatiara, no Amazonas, e Santarém, no Pará), devido à proximidade da região produtora localizada na porção central e norte do Mato Grosso.

 

Competitividade

 

O consultor portuário da Agência Porto Consultoria, Ivam Jardim, projeta ganho de competitividade do complexo portuário santista em relação aos Portos do Arco Norte no que diz respeito à exportação dos grãos originados nessa região.

 

“A opção de movimentação de cargas pelo transporte ferroviário, mais eficiente do que o transporte rodoviário, com certeza facilitará o escoamento de cargas com destino ao Porto de Santos, uma vez que parte relevante das cargas atualmente movimentada via rodovia deve convergir para a ferrovia”, estima. “A ampliação também deve acontecer, no entanto, no sentido global em que uma facilidade logística induz o aumento da produção, considerando que a fronteira agrícola mato-grossense já se encontra praticamente em exploração total”, completa.

 

Para se ter uma ideia, em 2023 foram exportadas pelo Brasil 52 milhões de toneladas de soja e milho via Porto de Santos contra 49,5 milhões de toneladas pelos portos do Arco Norte, 33,7 milhões de toneladas por demais complexos portuários e 18,6 milhões de toneladas via Paranaguá, no Paraná. Os dados são do Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

 

Jardim ressalta que deve ocorrer um reposicionamento logístico das cargas, uma vez que proporção significativa delas converge atualmente aos portos do Arco Norte.

 

“Esse reposicionamento deve voltar-se para Santos, tendo em vista que a ferrovia deve baratear o custo de exportação das cargas via complexo portuário santista. E o Porto de Santos, por meio de seus operadores portuários, também tem feito sua parte com um significativo aumento de capacidade dos Terminais Graneleiros, que realizaram grandes investimentos na última década, como a ADM do Brasil, o TES, Terminal XXXIX, COFCO, TEG e TEAG”, comenta Jardim.

 

Fundamental, diz APS

 

A Autoridade Portuária de Santos (APS) afirma que a expansão do modal ferroviário é primordial para a logística do Porto de Santos. A ampliação da malha nacional, por sua vez, se alinha às ações já em andamento no complexo portuário santista, pois é essencial que esses investimentos caminhem juntos.

 

“A capacidade ferroviária do Porto esteve próxima da saturação, com 94% de utilização. Diante disso, a APS firmou contrato de cessão da malha ferroviária interna, por 35 anos, com a Associação Gestora da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips) para que esse importante modal possa escoar os volumes futuros projetados. Serão investidos R$ 1 bilhão para alcançar 115 milhões de toneladas/ano. O projeto da Fips prevê a construção de uma pera ferroviária que aumentará em 20 milhões de toneladas/ano o escoamento de granéis vegetais, atendendo 13 terminais da margem direita”, detalha.

 

Responsável por quase 30% da corrente comercial nacional, o Porto de Santos é multipropósito, ou seja, movimenta todos os tipos de carga, e o agronegócio foi um dos responsáveis pelo bom desempenho em volume de carga neste ano, observa a APS.

 

“Costumamos dizer que o Porto começa no Mato Grosso, com a produção do agronegócio. A carga chega a Santos majoritariamente por ferrovia, que é o modal mais eficiente para transportar grãos. Uma vantagem do Porto de Santos, por ser multipropósito, é que o produto pode ser embarcado também em contêiner”, comenta a Autoridade Portuária, também em nota.

 

Sem fuga de cargas

 

A APS também destaca que o complexo santista é a primeira opção das exportações de grãos para a Ásia, descartando a chance de fuga de cargas. “Isso ocorre porque os portos do Arco Norte usam a mesma rota que Santos para levar a carga até a Ásia: contornam o Cabo da Boa Esperança, na África. Assim, Santos fica mais próximo e, portanto, com frete mais competitivo”, compara.

 

Além disso, em relação aos demais portos, a APS lembra que Santos tem vantagem nos acessos e maior capacidade de armazenagem e escoamento, bem como terminais especializados com alto grau de sofisticação na recepção, armazenagem e expedição para o navio. “A maioria deles está investindo em equipamentos de modernização, para aumentar a produtividade com a máxima sustentabilidade socioambiental”, afirma.

 

Ainda em nota, destaca-se que, por meio de Parcerias Público-Privadas (PPP), a Autoridade Portuária de Santos projeta atrair investimentos da ordem de R$ 13,4 bilhões de oito a dez anos, “fundamentais para que o complexo portuário continue se expandindo e o modal ferroviário tem um papel estratégico para que essa expansão tenha uma logística adequada e eficiente”.













Fonte: A Tribuna

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