Navios de 366 metros de comprimento e 14,5 metros de calado (distância da lâmina d’água até a quilha da embarcação) podem trafegar com segurança no canal de navegação do Porto de Santos. Porém, ainda é necessária a autorização dessas manobras pela Marinha do Brasil. A viabilidade foi comprovada pela Praticagem de São Paulo, após simulação de entrada de um cargueiro desse porte no cais santista.
O exercício aconteceu no Tanque de Provas Numérico (TPN), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), na Capital. A manobra foi realizada pelo presidente da Praticagem, Bruno Tavares, no espaço coordenado pelo professor Eduardo Tannuri, que também participou da simulação. Acompanharam o trabalho representantes da SPA, da Brasil Terminal Portuário (BTP) e da DP World Santos.
Segundo a SPA, hoje, o calado operacional autorizado (limite máximo de calado que as embarcações devem ter para trafegar no Porto de Santos) para o trecho da entrada da Barra até o terminal da BTP é de 13,5 metros ou 14,5 metros em períodos de alta da maré.Da Alemoa ao final do Porto, de 12,7 metros e 13,7 metros, respectivamente.
Ocorre que a homologação para navios maiores do que 340 metros (até 366 metros) é considerada para calados de até 14,2 metros, mesmo na maré alta, conforme simulações feitas em 2016. Agora, o objetivo do exercício realizado pela Praticagem é possibilitar o alcance do calado operacional de 14,5 metros na preamar, atualmente o máximo permitido no canal para navios de até 340 metros.
“Embora autorizados, não há previsão de chegada de navios de 366 metros. Mas há navios que superam os limites anteriormente autorizados, como as embarcações CMA CGM Vela e APL Yangshan, ambas com 347 metros de comprimento, que adentraram ao Porto de Santos nos dias 24 de outubro e na última terça-feira, respectivamente”, destaca a SPA, em nota.
Simulação
Foram mais de dez manobras realizadas durante a simulação, com a embarcação com 14,5 metros de calado. Nesse exercício, o cargueiro entrou e saiu dos três terminais de contêineres, fazendo o giro na bacia de evolução, navegando pelas curvas com a utilização dos rebocadores em várias condições de vento.
“Essas manobras simuladas vão servir de base para que a Autoridade Marítima possa ajustar o calado de 14,2 metros para 14,5 metros para os navios até 366 metros. Os outros navios de comprimento menor do que 340 metros que frequentam o Porto de Santos já estão operando com calado de 14,5 metros. Todo centímetro em termos de calado ou metro em termos de comprimento ou largura de um navio faz diferença”, explica Tavares.
Segundo ele, sair da largura atual de 48,5 metros de comprimento para 51 ou 52 metros traz um deslocamento de massa grande e exige alterações na manobra. E as simulações são feitas dentro dos requisitos de segurança exigidos.
“Número de práticos, local de embarque, desembarque, velocidade para passar ao longo dos diversos berços de atracação e evitar a interação hidrodinâmica com os outros navios atracados. Tudo é levado em conta para manobrar com tranquilidade no Porto, mesclando segurança com produtividade”, destaca Tavares.
Segundo Tannuri, é viável o aumento de calado. E agora, o próximo passo será a realização de um relatório técnico com todas as análises detalhadas e os parâmetros de segurança. Depois, a Marinha irá avaliar a mudança. “Ganhamos 30 centímetros de calado. Foi necessário verificar se com esse aumento a manobra seria segura”.
Fonte: A Tribuna
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