O crescimento das exportações de grãos no Brasil fez com que a movimentação no Porto de Santos acompanhasse esse quadro na mesma proporção, com importante impacto econômico e trazendo à Baixada Santista caminhões e mais caminhões para o envio, ao exterior, do que é produzido nas safras. Contudo, mesmo sazonais, as filas de caminhões interferem na rotina de quem mora na região e utiliza as rodovias também a trabalho ou a passeio. Esse cenário forma um complexo desafio logístico, que mobiliza empresários e autoridades e torna os pátios reguladores peças fundamentais dessa engrenagem.
“O que se observa nos congestionamentos é um descompasso entre o produtor e o embarcador. Talvez por falta de área de armazenamento, o produtor transfere suas cargas às transportadoras, que acabam transformando suas carretas em silos, sendo que essa operação, quando não remunerada, obriga o transportador a buscar por celeridade na entrega, ocasionando uma alta demanda que muitas vezes os terminais não têm condições de absorver”, afirma o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan), André Luís Neiva.
Em nota, a Autoridade Portuária de Santos (APS) informa que, desde 2013, está em funcionamento o sistema de agendamento de caminhões. Ele disciplina o recebimento dos caminhões pelos terminais portuários. Cada um possui uma cota máxima horária definida pela APS em função de sua capacidade de recebimento. Dentro desse limite, são abertas janelas horárias e o expedidor encaminha o caminhão a tempo para cumprir o horário agendado, considerando sua distância para o terminal.
“A APS vem promovendo melhorias e modernizações em suas normas que regulam os acessos terrestres. Uma grande mudança foi realizada para os terminais de contêineres em 2022. Atualmente, já foram iniciados trabalhos junto com os terminais de grãos para modernização da norma referente a esse tipo de carga. A APS também está promovendo ações para aumentar o número de vagas de estacionamento para veículos de carga, tanto na margem esquerda quanto na margem direita”, explica.
Pátios e nova ligação
No caso dos caminhões de grãos, existe a obrigatoriedade de passar por um pátio regulador. A prática permite melhorar a cadência da chegada nos terminais, pois em sua grande maioria os veículos de carga pesada vêm de grandes distâncias. “Hoje, as empresas usuárias dos pátios reguladores são de fora da nossa base territorial e atuam focadas no setor agrícola, diferentemente de nossas associadas que atuam diretamente no comércio exterior com foco nas cargas consolidadas em contêineres", diz Neiva.
Segundo ele, para as empresas locais, é fundamental o investimento na infraestrutura, com a construção de novos acessos ao Porto de Santos, bem como uma nova ligação entre o Planalto e a Baixada Santisda, fora do eixo existente. "A proposta de uma ligação entre Suzano e Santos, na Área Continental, nos parece uma excelente alternativa para desafogar e trazer ganhos para todos os usuários”.
A Autoridade Portuária também considera “imperativo que o Governo Estadual faça investimentos na construção de uma terceira rodovia” e vai além. “A APS está investindo nas melhorias dos acessos ao Porto, por meio de obras na avenida perimetral da margem direita e viabilização de ampliação da Avenida Perimetral da Margem Esquerda e por meio dos investimentos que advirão da concessão da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips)”, completa.
Enquanto isso não acontece, a concessionária do SAI, a Ecovias, informa que todo o movimento é monitorado pela empresa, em tempo real, por meio de câmeras e pelas rotas de inspeção. Para mitigar essa situação, foi desenvolvido o Programa de Gestão Integrada, grupo composto por representantes da empresa, Artesp, pátios reguladores, Policiamento Rodoviário, APS e prefeituras.
Esse programa é acionado sempre que constatado um início de fila que possa prejudicar a fluidez do tráfego. Dentre as providências previstas, estão a retenção de veículos comerciais no topo da Serra, a divulgação de informações nos painéis eletrônicos das rodovias e a comunicação ativa nos demais canais de informação da concessionária.
Como funcionam
Um dos pátios reguladores credenciados pela APS é o Ecopátio, plataforma intermodal do Grupo EcoRodovias. Localizado na altura do km 263 da Rodovia Cônego Domenico Rangoni, no Parque Industrial, em Cubatão, ele tem quase 450 mil metros quadrados e 1.680 vagas disponíveis, atendendo dez terminais do Porto de Santos, sendo quatro na Margem Esquerda e seis na Margem Direita.
O caminhoneiro aguarda no Ecopátio até receber, via comunicação eletrônica, uma notificação para se dirigir ao terminal de destino no Porto de Santos. A comunicação é feita pelos próprios terminais portuários de forma eletrônica pelo site do Ecopátio e chega ao caminhoneiro por SMS ou notificação no aplicativo do pátio. Ele também pode acompanhar nos totens de autoatendimento espalhados no prédio de serviços dentro do Ecopátio.
Com demanda para cargas e descargas na Margem Esquerda do Porto, o Ceparking, administrado pela empresa Terloc (Terminal Logístico Cesari), que integra o Grupo Cesari, faz a gestão logística dos atendimentos, diferentemente de um pátio de estacionamento.
“Por exemplo, dentro de 400 vagas, com o planejamento semanal e gestão logística, conseguimos girar uma vaga 'estática' por mais de seis vezes no dia, costumamos dizer que é como fosse um aeroporto, onde não há capacidade para alocar 3 mil aviões, mas com o giro logistico, sim”, explica o gerente de operações do Grupo Cesari, Diogo Tiago da Silva.
“Os veículos chegam conforme horário agendado, realizamos todo processo de validação do agendamento e vistoria do veículo, garantindo a segurança do processo e operações do cliente, e é liberado para seguir com a carga e descarga”, emenda.
Fonte: A Tribuna
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