Categoria teme reduções salariais por conta da troca de empresa responsável pelo serviço
Cerca de 100 trabalhadores que atuam no abastecimento de navios no Porto de Santos ameaçam cruzar os braços a partir de dezembro. A categoria teme que a empresa que assumirá o serviço no final do ano não mantenha os salários nos mesmos patamares dos atuais.
A Transpetro terceiriza o serviço de abastecimento. Atualmente, o serviço é executado pela SC Transportes que, após dois anos, reajustou os salários dos trabalhadores. Porém, a subsidiária da Petrobras abriu uma nova licitação e a Navemestra foi a vencedora, com um preço bem abaixo do praticado atualmente.
As informações são do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Aquaviários de Guarujá e Região (Sintagre), Robson Barbosa da Silva. “Agora, temos a informação de que essa empresa que ganhou o contrato já declarou que não vai poder praticar os salários que estão sendo praticados agora. Por isso, estamos provocando a Petrobras para que faça uma licitação prevendo salários e que tome alguma providência relacionada ao contrato que já foi assinado e passa a valer em 28 de dezembro”.
Segundo Silva, no Porto de Santos são realizadas cerca de 230 operações de abastecimento por mês. Cada embarcação recebe em torno de 2,5 mil toneladas óleo bunker.
“Estamos falando do maior porto da América Latina. O serviço de bunker, se não for realizado, paralisa o Porto. E, caso essa situação não seja resolvida, vamos entrar com o edital de greve”, afirmou o presidente do Sintagre.
A ameaça de greve já preocupa os usuários do Porto. Segundo o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, o temor ainda é maior por conta da temporada de navios de passageiros.
“O Porto está batendo recordes. E os navios de commodities carregam, abastecem e seguem viagem. Eles não têm porto alterativo para o abastecimento. Os de contêineres ainda têm essa opção. Mas é muito preocupante essa situação porque também temos os navios de passageiros”, afirmou o executivo do Sindamar.
A SC Transportes, que atualmente atua no abastecimento de navios, informou que foi comunicada pela Petrobras da sua colocação na concorrência. Em seguida, solicitou junto ao departamento de licitação da Petrobras o ranking integral de classificação, com a lista de empresas participantes, as colocações e os valores das propostas, o que foi negado.
“Diante dessa negativa, ajuizamos mandado de segurança com pedido de liminar para ter acesso na íntegra do dito processo de concorrência, sendo que foi deferida a liminar para determinar à Petrobras que forneça à SC Transportes Ltda. a ordem de classificação e as ofertas apresentadas pelos demais candidatos”, destacou o advogado da SC Transportes, Heitor Bruni.
Envolvidos
A Petrobras informou que, “no desenvolvimento de suas atividades, realiza a contratação de prestação de serviços e que não interfere nas relações entre as empresas contratadas, seus trabalhadores e sindicatos”.
Procurados, executivos da Navemestra não respondeu aos questionamentos da Reportagem até o fechamento desta edição.
Fonte: G1
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